9.11.2007

A MELGA



A Melga


Vrunga que vunga

Mal a luz se apaga

A puta da melga

Começa a atacar

É um guerra antiga

Que com esta “amiga”

Me empenho em travar

É ela a zunir
Tentando pousar
E eu, mãos no ar,
Com força abanando
Para a afastar
E ela esperando
No sono eu pegar
Vrunga que vunga
Até me cansar.

E ao ver-me dormindo

Sem forças, exangue,

Aí vem a danada

Sugar o meu sangue.

Pela vida fora

Sempre foi assim

Entre eu e a melga

Uma guerra sem fim.

Quando eu acordava

Mordido e inchado

As babas crescendo,

Um Cristo chagado

Por vezes parecendo,

Aquilo só vendo,

A raiva que dava!

Pois hoje vais pagar

Maldita tu sejas,

Por mil brotoejas

Que desde menino

Sem dó me deixaste.

Hoje vou-te apanhar

E assim me vingar

De toda a peçonha.,

Melga sem vergonha,

Que em mim inculcaste.

Vrunga que vunga

Já ela aí vem

Já ela pousou

Vais ver o que é bom!

Mas espera, que é isto,

Quem é que me explica,

Vrunga que vunga

Mas pousa e não pica

E pousa e não pica

Que se passa aqui

Quem é que me explica?...

E a noite se passa,

Num vrunga que vunga
E a puta da melga

Chateia, chateia,

Chateia e não pica!

Meu Deus que tristeza

Uma coisa assim

Se já nem as melgas

Se interessam por mim

E em boa verdade

Sangue tão ruim

Quem pode,
quem há-de,

Se bom do juízo,

Gostar de o chupar

Sem ter prejuízo?

Vrunga que vunga

E a melga lá vem,

Está-me gozando

A filha da mãe

Só zumbe e esvoaça

Mas nem se detém

Esta velha carcaça

Já não lhe convém

Oh céus, Oh desgraça,

Mas que fim sem graça

Que esta história tem

E agora que importa

vrunga que vunga

Se a melga lá vem!.....

Boa noite, ò melga,

Passa muito bem


____________

Nota: Não se trata apenas de uma brincadeira.
Reparei há dias que as melgas,
que toda a vida me tinham feito grande mossa,
agora não me picam mais, esvoaçam sobre mim,
poisam por vezes, mas picar, não picam

________________

11-09-2007

20 Comments:

Blogger *Um Momento* said...

ahaahha
Meu Amigo fez-me rir
Ah grande melga que era esse vrunga que zunga

Deixo um beijinho sorridente:)))

(*)

11 setembro, 2007 19:27  
Blogger Bichodeconta said...

Ó António não fique triste.. eu quando era criança ficava mordida dos pés á cabeça.. Agora só o Zzzzzz me incomoda, de resto é como se tivesse sido vacinada.. como estar imunizada.. As melgas já não picam, ou se picam já não surte efeito..Um abraço, Ell

11 setembro, 2007 20:22  
Anonymous Anónimo said...

Caro António,
cá estou eu de visita à sua página. Mais uma vez, deixo-lhe os meus elogios, pela prosa, pela graça!

Olhe que os últimos a mostrar interesse pela nossa "velha carcaça" são os vermes...

Por isso não se apoquente,
que os insectos terão sempre, interesse por si, por mim, e por toda a gente.

Mas deixe-os esperar, que pressa decerto não queremos mostrar!

Sua fã,
Cristina

11 setembro, 2007 23:11  
Blogger Kalinka said...

Amigo António

cuidado com as melgas...

ofereço-lhe um «Trevo da sorte», todos no Mundo precisamos de sorte.
Venha buscá-lo, é seu.

Vou contar-lhe um segredo:
Há 33 anos atrás, dei à Luz, uma criança de seu nome Alexandre.
é isso, eu e ele estamos de Parabéns.
Só Deus sabe como tenho feito tudo na Vida, para o bem dele, anulei-me, deixei de trabalhar para o poder criar em casa, com outras condições, as melhores possíveis e, ele esquece-se que tem uma Mãe. Esta mágoa hei-de carregar comigo até ao fim da Vida.
Mas, continuo de cabeça erguida, tentando fazer o melhor que posso aos meus netos, principalmente dando-lhes muito Amor. E, por falar em netos, é engraçado, no dia que o meu filho faz 33 anos, a sua filha, minha neta entra para a Escola Primária, dando os primeiros passos em direcção ao seu Futuro... e, dizem que « não há coincidências»...

Beijos e abraços.

12 setembro, 2007 13:21  
Blogger Paula Raposo said...

Tem graça! Eu que também era sempre mordida pelas melgas...já há tempos que não me ligam! Um dos prazeres da idade!! Eh eh eh beijinhos, António.

12 setembro, 2007 15:47  
Blogger LuzdeLua said...

Eu cá me parece que só a mim encontram. Passando te deixo um beijo.
Bjs

12 setembro, 2007 19:34  
Blogger Eme said...

Ultimamente só me fazes rir :)
Fantástico, como tu!!
Malvada melga, tu dá-lhe!
Beijosss

13 setembro, 2007 00:00  
Anonymous Anónimo said...

Caro Amigo
Julgo descortinar, por baixo de um disfarce humorístico, aliás muito bem conseguido, uma certa dose de amargura, talvez derivada do teu estado de saúde e isso me suscita alguma preocupação
Coragem, Amigo.
Um abraço
M.C.

13 setembro, 2007 09:03  
Anonymous Anónimo said...

Meu querido amigo António,

Tive de rir... porque deve ser da zona norte do rio Tejo. Também sou atacada pelas melgas e desde cedo, desde a infância. Aliás, até já escrevi um conto sobre isso (um dia publico...).

Um enorme abraço
Mel (www.noitedemel.blogs.sapo.pt)


PS: Comentei o teu poema anterior, passei agora por lá e não vi... se calhar não gravou! Lindo este e o anterior em particular!

13 setembro, 2007 20:07  
Blogger Páginas Soltas said...

ahahaahh... meu querido amigo,

Que momento de bela poesia humoristica!

Tinha saudades de te ler!

Bom fim de semana

Beijinhos da

Maria Valadas

14 setembro, 2007 04:15  
Anonymous Anónimo said...

Este texto diabólico - prás melgas - está delicioso!!! Sabe o que acho António, é que elas perceberam o zangão que você é... e então há que se pirarem, medo da pele pois rsss!

A sua escrita e bom humor continuam a encantar-me!

Fique bem, abraço!!!

15 setembro, 2007 07:39  
Blogger Pepe Luigi said...

Caro António,
É de veras hilariante este teu jocoso poema "Melga".
Fartei-me de rir.

Um abraço.

15 setembro, 2007 23:57  
Blogger Pepe Luigi said...

Só depois é que reparei na tua Nota de roda-pé e ao lê-la posso confirmar-te que eu sempre fui picado por tudo o que era "M" (melgas, moscas e mosquitos). Porém a partir dos meus cinquenta anos também esta praga me deixou de fazer mossa.
Procurei saber junto de um clínico ao qual me explicou que o nosso sangue ao longo da vida passa por várias "acidificações", sendo que quando mais velhos somos menos "mel" temos no nosso tao estimado fluído.

16 setembro, 2007 00:06  
Blogger Márcio Beckman said...

É, às vezes até as coisas ruins nos fazem falta... Bom, se não tens mais as "melgas" como dizes (aqui no brasil chamamos de mosquitos, pernilongos ou até muriçocas, mas essa de melgas eu não conhecia...) pelo menos tens a nós amigos poetas para compartilhar do seu "sangue" artístico. Um abraço!

16 setembro, 2007 19:31  
Blogger Manuel Veiga said...

melgas à parte, gostei de ler...

nada fácil meter a melga num poema! abraços

16 setembro, 2007 21:20  
Anonymous Anónimo said...

Caro Poeta,

Então e mosquitos? Para mim, são uma praga! Como são atraídos pelo dióxido de carbono que libertamos ao respirar, tenho-os sempre a querer entrar no nariz ou na boca! Bem posso fugir, que eles seguem atrás!

Quanto ás melgas, olhe que depende da safra... a estirpe deste ano se calhar prefere sangue O+, ou A+...

Cumprimentos,
CC

16 setembro, 2007 22:55  
Blogger Odele Souza said...

Antonio,

Uma delícia este teu texto! E alegrou meu dia, pois me fez rir muito.
Te deixo um beijo.

18 setembro, 2007 05:57  
Blogger ROADRUNNER said...

Depois de uma ausência algo prolongada, regresso aos escritos outonais, agora, pelo que vejo, aos escritos poéticos.
Saudações!

18 setembro, 2007 15:53  
Blogger Isabel said...

Pois é, querido amigo, só tu para fazeres humor com essa história das melgas.
Só tu, para encontrares um outro lado em tudo.
Só tu, para te rires, para escreveres, para teres graça e para nos fazeres rir e achar graça ao que graça parecia não ter.
És mesmo lindo!
As melgas também já não gostam de mim como gostavam, também andam à minha volta Vrunga que vunga mas pouco me picam.
Bom, bom era se além de não picarem deixassem também de zumbir podia ser que nos esquecêssemos que as danadas existem e ao esquecer isso nos esquecêssemos do maldito sangue que está ruim e menos docinho.
Que ao menos sirva para escrever com graça e dar alegria e risos a quem lê.
Um beijo grande para ti meu amigo.

Isabel

19 setembro, 2007 10:40  
Blogger Maria said...

Delicioso o teu poema da melga.
Olha que eu sofro do mesmo, podem estar 20 ou 30 pessoas e apenas 1 melga, pois é comigo que ela vem ter....
Como eu gostei do vrunga que vunga da chata da melga...

Beijinhos

20 setembro, 2007 03:27  

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