3.12.2006

DIMITRI, O RUSSO MELANCÓLICO


Chegou já lá vão cinco anos. Chegou de noite, por sinal a última de 1999. Estava toda a gente demasiado entretida com o virar do milénio, uns festejando outros receosos dos males que alguns profetas da desgraça haviam vaticinado para aquela noite. Eram doze, todos emigrantes clandestinos, como ele, todos, como ele, provenientes de países de Leste. Desembarcaram numa praia deserta da costa algarvia, mortos de fome, após vários dias amontoados no porão do cargueiro, que logo se pôs ao largo, mal que recolhido o escaler que os desembarcou no areal.
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Ali ficaram acocorados e tremendo de frio aguardando a chegada dos contactos que os haviam de receber. Só passada mais de uma hora chegaram. Eram dois, numa carrinha de caixa fechada, ambos com um ar de meter medo ao mais afoito. A primeira coisa que fizeram foi exigir-lhes mais uns dólares a juntar aos que já lhes haviam esmifrado no início da viagem, em Salónica, convictos de que seria tudo o que teriam de pagar. Um deles, um moldavo, porque já não tivesse mais dinheiro ou porque não concordasse com a inesperada exigência, recusou-se a pagar e, em desespero, atirou-se a um deles. Foi logo, liminarmente abatido. Isto é para vocês aprenderem, disse o mais novo dos mafiosos. A partir de agora vocês pertencem-nos. Nós arranjamos-vos trabalho, vocês pagam-nos uma percentagem e andam na linha connosco. E é se se querem dar bem. Tudo isto, obviamente, dito em russo, idioma que todos dominavam
O moldavo lá ficou de borco, no areal e os restantes depois de pagarem os dólares exigidos, seguiram amontoados na carrinha com destino a um velho armazém, de onde no dia seguinte foram levados para sítios diferentes para trabalhos de construção civil em obras diversas.
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Tractorista na granja colectiva da sua aldeia natal, pequena povoação situada nas margens do Volga, perto de Ullianov, Dimitri (é o seu nome) não podia aqui exercer a sua profissão pois para tal lhe faltavam os documentos que legalizassem a licença de condução de ligeiros e pesados que utilizava no seu país. Restou-lhe, pois, abrir caboucos, vergar ferro e trabalhar como servente de pedreiro – coisa a que também na sua terra se ajeitava, quer nas reparação da sua própria casa quer nas de outros vizinhos e cooperantes da granja colectiva. Trabalhou em diversas obras nos sítios mais diversos da costa algaravia e mesmo do litoral alentejano. Bastava chegar um outro emigrante mais inexperiente e mais facilmente ludibriado, para ser despedido e procurar trabalho noutra obra. Quem nunca lhe perdia o norte era a organização mafiosa que o tinha recebido.
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Os seus companheiros de viagem que nos primeiros meses tinham permanecido na zona, aos poucos foram sendo levados para outros pontos distantes, pensava ele, pois acabou por deixar de vê-los definitivamente. Nas diversas obras em que trabalhou não havia um critério uniforme de valorização do seu trabalho, pois o salário era sempre diferente, mas sempre igualmente baixo , de qualquer modo, sempre inferior ao dos seus colegas legalizados. Por vezes executava trabalhos de motorista mas apenas dentro do perímetro das obras, acarretando materiais ou manobrando escavadoras, mas o salário não era maior por isso . Muitas vezes chegava o fim do mês e nem um euro lhe pagavam. Prometiam que seria no mês seguinte e por vezes passavam-se quatro ou cinco meses sem ver a cor do dinheiro ou com parte apenas do salário prometido.
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A organização mafiosa essa é que não queria saber de misérias. Recebesse que não recebesse, alguém aparecia a cobrar-lhe a taxa estipulada. Eles sabiam sempre onde encontrá-lo. Assim quando pensava ter amealhado uns dinheiritos para voltar à sua aldeia, onde Olga, a sua jovem esposa, pacientemente aguardava o seu regresso e a esperança de melhores dias, a sua poupança voltava à estaca zero e com ela diminuía a esperança de voltar. Após três anos a trabalhar no Algarve foi arranjando trabalhos mais a norte, até chegar à zona da grande Lisboa onde agora trabalha, numa obra a norte do Tejo, residindo porém na margem sul para os lados da Cruz de Pau.
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Quando entrei no café, estavam as mesas todas ocupadas, quer no interior quer na esplanada rentinha ao rio e ao cais de embarque dos cacilheiros. Além de ocupadas a quase totalidade tinha mais que um cliente à sua volta. Pares de namorados, vadios, e sobretudo emigrantes dos países de leste, russos, ucranianos, moldavos, romenos, sei lá… Uma coisa era comum a todos eles: uma apetência notável por cerveja, dada a enorme quantidade de garrafas de que as mesas estavam repletas.
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Ele porém era dos poucos bebedores solitários. Tinha um ar melancólico e ausente. Porque a sua mesa era das poucas que dispunham de lugares vagos, pedi licença para me sentar à sua mesa. Aquiesceu com a cabeça, sem pronunciar uma palavra. Era um homem novo de trinta e poucos anos, alto, espadaúdo, de longos cabelos louros e uma pequena barbicha também loura e pontiaguda. Pareceu-me uma pessoa atormentada. Pela poucas palavras que proferiu, a chamar o empregado de mesa, pareceu-me que seria natural do leste europeu, talvez russo, e foi nesse idioma que lhe perguntei vi pa-rússki? (você é russo?) Da, da. Gavarit-vi pa-rússki? ( Sim, sim. Você fala russo?) estranhou ele. Niet. Ya tolhka nimnoga rússki slova zenaio (Não, Sei apenas algumas palavras russas). Também não era preciso que eu falasse russo para nos entendermos. Os russos têm uma capacidade notável de aprender a nossa língua e de a falar quase sem sotaque. Este era um deles, Falava o português correctamente, podendo, quando muito, ser confundido, por alguém menos atento a questões de pronúncia, como um provinciano ou português que tivesse vivido vários anos num país estrangeiro.
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Disse-lhe que já tinha estado no seu país, nos tempos da União Soviética. Aí, o rosto do homem, até então carregado, iluminou-se. Belos tempos! Éramos uma grande potência, o mundo respeitava-nos. E logo o rosto se fechou de novo. Agora somos uma merda, uma merda, concluiu com desalento, enquanto batia com as manápulas enormes em cima da mesa fazendo tilintar as garrafas vazias. Para afogar a mágoa que as suas próprias palavras lhe causavam pediu mais uma cerveja que esvaziou quase sem respirar e sem tirar a garrafa da boca.
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Convidou-me para o acompanhar, Não sou grande apreciador mas pedi também uma para criar ambiente. Falei-lhe, com simpatia da boa impressão que o seu país me tinha causado e ele começou a abrir-se em confidências e desabafos com uma amargura que os efeitos do álcool ampliavam talvez. Julgo que o facto de lhe falar com simpatia da União soviética lhe inspirou confiança. Muito provavelmente ninguém neste país o tinha feito antes, nem ele, de motu-proprio, se atreveria a abordar tal assunto. Foi então que me disse o nome e me contou, olhando para todos os lados, a cada palavra que proferia, os acontecimentos que, por conveniência do meu estilo narrativo, já tive ocasião de adiantar.
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As mesas mais próximas estavam ocupadas por casais de namorados e alguns rapazes com ar de drogados pouco interessados no que à sua volta se dizia ou fazia. Só ao fundo, numa mesa bastante afastada, dois ocupantes mal encarados olhavam fixamente para a nossa mesa, mas esses não podiam ouvir-nos.
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De seguida, Dimitri desatou a falar da sua aldeia e do seu percurso de vida e a cada cerveja que bebia, mais a língua se entaramelava e, paradoxalmente, mais o discurso fluía: E eu a ver, como num filme, a sua meninice feliz, os banhos no Volga com os companheiros, os mergulhos para apanhar peixes à mão, as armadilhas para captura de tordos e outras espécies as brincadeiras ao longo da vereda que levava às instalações da granja colectiva de que seu pai, comunista desde a juventude, era o director eleito e respeitado por todos os cooperantes, as canções, os jogos e as traquinices nos acampamentos de pioneiros, os tempos do Konsomol (juventude comunista), os namoricos, os bailes campestres no verão ou no salão da granja durante o Inverno, o seu namoro com Olga, os beijos trocados à sombra da velha macieira do quintal (ai o sabor daquelas maçãs, meu amigo!) as cerejeiras carregadinhas de rubros frutos, o trabalho em grupo nas sementeiras depois das primeiras chuvas, a alegria e azáfama das colheitas, se o ano era farto, a ida à cidade em dias de festa ou na parada anual na festa do dia da Vitória, todos em carros, carroças e tractores engalanados, ele todo ufano a conduzir o seu, carregado de jovens e enfeitado com grande profusão de bandeiras vermelhas, o orgulho pelas proezas espaciais soviéticas e pelas medalhas de ouro dos seus atletas nos jogos olímpicos…Era um orgulho pertencer a um país assim.
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E de repente tudo mudou. Tinha sido chamado dias antes para o serviço militar quando se deu o colapso da União Soviética e tudo virou uma bandalheira. Durante uns tempos a cooperativa ainda que com dificuldade lá se foi mantendo. Pouco a pouco, porém, os cooperantes desanimados foram-se retirando, procurando trabalho em fábricas e no que calhasse, longe da aldeia que aos poucos foram também abandonando, até que um grupo de poderosos oligarcas, autêntica máfia, apoderou, comprando ao desbarato as terras das cooperativas.
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Quando regressou da tropa os lugares da sua infância eram o espelho da desolação. O avô, herói condecorado da Guerra Pátria, tinha falecido de velhice e sobretudo de desgosto; o pai, desolado pela ruína de tudo o que ajudara a construir e sobretudo pelo ruir dos seus sonhos, enforcara-se numa trave do celeiro colectivo. Dimitri, permaneceu na aldeia, cultivando o quintal à volta da casa, e fazendo uns trabalhitos aqui e ali, quando calhava, apenas para fazer companhia e ajudar a mãe. O seu casamento com Olga foi feito sem qualquer cerimónia nem convidados. Apenas os pais dela e a mãe dele em cuja casa ficaram a morar. Quando a mãe faleceu, como não encontrava mais trabalho na zona combinaram que Olga fosse para casa dos pais enquanto ele partia para a cidade em busca de algo onde pudesse ganhar algum dinheiro para sustento da casa. Mas a vida estava difícil em todo o lado. Trabalhou em tudo o que lhe apareceu, mas os salários baixaram a um nível nunca visto. As rendas de casa que, durante o regime soviético tinham um preço quase simbólico, subiram assustadoramente, os bens de consumo, que naquela região sempre foram abundantes, desapareceram dos mercados arrebanhados por especuladores desenfreados, até que um dia se fartou e resolveu arranjar maneira de emigrar para um qualquer país do ocidente.
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Juntou penosamente algum dinheiro, à custa de muitas privações e muita fome, falou com Olga, que jurou esperar por ele, e entregou o seu destino a uma organização de passadores clandestinos que o levou até à Grécia, de onde embarcou, no Porto de Salónica, na viagem até à costa Algarvia, cujas peripécias já conhecemos. Agora cá, por cima, já ganhava melhor e apesar de continuar a ser sugado pela organização mafiosa já tinha conseguido juntar uns dinheiritos. Tudo isto me contou com uma raiva e uma mágoa incontidas, enquanto emborcava cervejas umas atrás das outras.
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Perguntei-lhe se já tinha tentado legalizar a sua situação junto das autoridades portuguesas, Como? se esses filhos de puta me tiraram todos os documentos? Entrou de seguida num estado de exaltação incontrolável. Eu quero que esses cabrões se fodam, estou farto, não aguento mais! e continuou com todo um chorrilho de palavrões que não ficavam atrás do vernáculo vocabulário de um qualquer gaiúlo dos mais rascas cá do burgo. Aliás, como toda a gente sabe os palavrões são os primeiríssimos vocábulos que os indígenas fazem questão de ensinar aos estrangeiros e que eles repetem, às vezes inconscientemente, apenas porque julgam estar a dizer uma coisa muito engraçada, visto que provocam a hilariedade de quem os ouve. As suas palavras e o tom exaltado com que eram ditas não passaram despercebidas aos dois sinistros personagens da mesa do fundo, que esticaram o pescoço, curiosos.
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Pedi-lhe para se acalmar. Então inclinou-se para mim – quase me embebedando com o bafo alcoólico que exalava e sussurrou-me ao ouvido. Um dia destes volto para a Rússia. Já tenho em vista outra organização de passadores. Com estes cabrões não quero nada, já tenho quase todo o dinheiro que preciso e um dia destes deixo isto tudo e vou-me embora. Para passar mal, passo na minha pátria, na minha aldeia. Vou ter com a minha Olga, vou tomar banhos no Volga vou ver as cerejas em flor, vou comer maçãs da minha velha macieira. Ai aquelas maçãs!
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Anoitecia. Despedi-me e perguntei se uma vez que morava na margem sul não queria vir no mesmo barco que eu. Disse que não. Que viria mais tarde. E lá ficou a falar, com a voz cada vez mais entaramelada, nas maçãs da sua velha macieira e nos banhos do Volga e na grandeza perdida da União Soviética. Despedi-me: Da cevidânia, tavarich! (adeus, camarada) Os olhos iluminaram-se e repetiu baixinho da cevidânia, da cevidânia…
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Antes de sair, olhei pelo canto do olho para a mesa do fundo. Os estranhos ocupantes continuavam de olhos fitos no russo embriagado e agora distante e novamente melancólico, depois das palavras de adeus que me dirigiu. Não sei porquê não gostei da atitude daquele homens e foi com um sentimento de inexplicável e insidiosa inquietação que entrei no barco e que me perseguiu durante o resto da noite, até que me deitei e o sono me venceu.
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Dias depois, leio num jornal que, precisamente no dia seguinte à minha conversa com o russo, um corpo de um possível emigrante de leste tinha sido encontrado a boiar, no Tejo, junto ao Seixal, com sinais de quatro tiros no peito. Pelo tamanho e pela descrição das roupas não tive dúvidas. Era Dimitri, o russo melancólico que me abrira o coração naquela noite, no café, na margem norte do Rio
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Pobre Dimitri, não mais se banhará nas águas do seu Volga, não mais apertará nos braços a companheira dos dias felizes da sua descuidada juventude, não mais verá as cerejeiras em flor do seu quintal, não mais colherá os saborosos e tão especiais frutos da sua velha macieira. O seu último mergulho foi aqui, nas águas turvas do Tejo, a milhares de quilómetros da Pátria que o viu nascer, da sua Ródina, que os russos tanto amam.
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Obviamente que palavras russas acima inseridas reproduzem apenas a respectiva pronúncia, uma vez que tenho dificuldade em utilizar no meu teclado os caracteres cirílicos que me permitiriam a escrita correcta na língua russa.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vejoque o meu amigo continua a apostar em histórias muito estranhas e esta é uma delas - Mas gostei. Continue que tem leitor

Carlos P.

12 março, 2006 22:25  
Blogger Ricardo Pereira said...

Olha António, eu que sou um homem de muitas palavras estou sem elas. Ainda estou arrepiado com a emoção que passas ao longo do texto eprincipalmente na sua conclusão.
Um abraço. Ricardo

14 março, 2006 00:46  
Anonymous Anónimo said...

Amigo António,

Li com emoção a história de vida do Dimitri, contada com toda a singularidade do autor. Sendo o meu marido ucraniano, conheço sobejamente histórias de ucranianos que tiveram um sorte parecida com a do Dimitri. Através dos imigrantes de leste que conheço, aprendi e continuo a aprender coisas sobre o meu país que ainda hoje me continuam a espantar.

Ontem ouvi mais uma série de observações xenófobas no Opinião Pública.Faz-me imensa confusão a expressão "imigrante ilegal". Os imigrantes raramente são ilegais porque querem. Ontem conheci o Slavik; está cá há 5 anos e trabalha sempre para o mesmo patrão. Nunca foi inscrito na Segurança Social, não tem qualquer visto, nunca lhe foi feito um contrato de trabalho. No Domingo conheci o Yaroslav; Está cá há 5 anos, não tem Segurança Social, trabalhou em vários sítios, foi burlado imensas vezes por sub-empreiteiros de cor, que encontraram alguém mais fraco a quem vigarizar.

As histórias são tantas, e quase todas me envergonham do meu país, dos patrões do meu país, das suas leis e dos seus serviços.

Não são só os russos mafiosos que contribuem para estas pessoas não terem condições de vida e que as roubam. A outro nível, de forma muito mais disseminada e vergonhosa, somos nós, portugueses.

16 março, 2006 12:12  
Blogger António Melenas said...

Assim é,Carla. Os portugeses esquecem-se que são (somos)um povo de imgrantes. Deviam ser mais humanos com quem vem, de longe, ganhar aqui o seu páo, como eles próprios, aos milhares, tiveram de
fazer

16 março, 2006 18:14  

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