ESCRITOS OUTONAIS

6.25.2007

MEU TESOURO DE SONHO..


MEU TESOURO DE SONHO...

* * *

Meu tesouro de sonho

desperdicei-o

antes de te “achar”.

Nem palácios dourados

nem torres de marfim

nem sóis

nem luas

tenho p’ra te dar...

O legado de séculos

Que em menino herdei

por longos caminhos

sem rumo

sem norte

perdido deixei...

Mas em troca, Amor,

Achei a Verdade da vida.

O choro

o riso

o dia a dia,

toda a força contida

no fundo da Dor.

Pois, Amiga,

na doçura

do meu beijo,

no ardor do meu desejo,

no calor

desta amizade,

inteira,

pura,

sem restrições.

É tua essa Verdade.

6.18.2007

NO ALTO DO MIRANTE


NO ALTO DO MIRANTE

Enfeitiçados, do alto do mirante

Temos Lisboa, a bela, a nossos pés.

É nosso o Tejo azul e faiscante,

A Sé, o Paço, a Torre e o mar distante

Toda a cidade, enfim, de lés-a-lés.

É Primavera e tudo reverdesce

O sol no céu é vivo resplendor.

Sobre a terra em êxtase, vagaroso desce

E em nossos corpos se espraia e elanguesce

Em carícias finas do mais puro amor

Contemplo o teu rosto e quanta alegria

Vejo em teu olhar de mulher-criança !

Goza bem agora toda esta magia

Porque o tempo corre e há-de vir um dia

Em que este dia será só lembrança


Eu, a quem a vida já muito ensinou,

Para ser feliz basta-me sonhar.

Mergulho em teus olhos e vogando vou.

Esqueci de onde venho, que importa onde estou

Sou apenas rio correndo em teu mar

6.12.2007

SÓ TU FALTASTE

Só tu faltaste


Inesperada e mansa
a chuva começou a descer
sobre a cidade.
E a cidade ficou deserta, num instante.

E então,
eu que tinha um encontro marcado
com a chuva
com a cidade
e contigo,
corri a esse encontro
em que a cidade me esperava
e a chuva não faltou.

E eu a recebi no rosto
como uma bênção. E a cidade
ganhou magia, pronta
para ti.

Mas TU faltaste ....
E a magia se foi.

E a tarde, subitamente
Se pôs triste, feia,
escura, molhada,
como são, sem ti,
as tardes de chuva.

Como, sem ti,
São, afinal, as tardes
e as manhãs

E as noites.

De todos os dias

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Foto data venia, DAQUI

6.06.2007

QUANDO ESTIVERES TRISTE

Foto de António Melenas
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Quando estiveres triste,
Amor,

e não souberes porquê ...

E o mundo inteiro
à tua volta pareça desabar ...

Quando
te apetecer gritar ...

Quando
inexplicavelmente só

te sintas

em meio à multidão

e, perdida,
não saibas que fazer ...

Quando
te sentires vazia

como um balão furado,

amarfanhada
como um vestido
de baile

após o Carnaval ...

Quando
estiveres confusa,

indecisa,

angustiada,
como, sem mo dizeres,
eu sei que estás, por vezes...

Então, Amor

basta que venhas

junto a mim
e no meu peito

confiadamente

repouses tua fronte.
para eu conhecer toda a tristeza
que os teus olhos mudos

me dirão.

Não te farei perguntas
nem direi

as palavras idiotas

que, longe de ajudar,

só ferem, nessa altura.

Apenas te prenderei
pela cintura

e em silêncio,

longamente,

afagarei os teus cabelos,

até que a angústia
de todo te abandone

e não te sintas só,

porque eu estou contigo
sempre,

meu Amor.

*****

6.01.2007

AO LUAR

Jasmim perfumado do meu quintal


AO LUAR

Que linda vai a noite, que calor!
Tudo em repouso já ... Só o luar
Nostálgico e morno anda a boiar
Encharcando de luz tudo em redor

Que aroma subtil, jasmins em flor...
Há restos de canções ainda no ar
E dentro em mim o sangue, a latejar,
Arde em desejos loucos de amor

Ah, pudesse eu beijar-te, longamente...
Apertar-te em meus braços como outrora,
Aninhar-te em meu peito ternamente,

Sentir-te toda minha nesta hora.
Já que tão triste e só e descontente
Sem ti, a minha vida corre agora!

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1951 - Noite de Santo António,
No jardim, após as fogueiras